TEMPO

[Celi Romão]

Assim vivo e sigo
Alguém que se perdeu
No tempo
E nas horas
Desfaço-me sempre
Em mil pedaços
E refaço-me
Reconstruo-me
Quase que
Diariamente
Para enfrentar
O mundo
Tão distante
Do meu eu
Do meu jeito de ser
Tão diferente
Tão alheio
Ao que me é radical
Determinado
Pelas regras sociais
Tão facilmente
Aceita por todos
Às vezes penso
Ter sido inventada
No descompasso
Das emoções
E na cauda
De um cometa
Dourado
E me fiz assim
Alinhavada
A um corpo
Aventureiro
De emoções
Acreditando
Ter buscado
O tempo certo
Para te encontrar
E te amar
Com a força
De um vulcão
Controlado
Pelos ponteiros
Do relógio
E do tempo
Que quase
Se extingue
Mas que fica vivo
Em minhas
Entranhas
Alimentado
Pelo fogo eterno
Que mantenho aceso
Com o pavio
Das lembranças
De ti

Celi Romão

CR - RJ

[Elias Antonio Almada]

precioso poema. Felicidades