DE(U)S(A)TINO
sei que existem numa foto-fátua
numa fração de tempo atravessam a rua
ou na pia de pratos ou na cama nua
em frente ao perigo a namorar a lua
com jeito de ternura dura em silêncio
deusa que amamenta dona do destino
tesão de menino paixão que acalenta
fêmea que se cria no rastro dos ventos
existem por aí num toque
de lábios sem medo
num rápido riso aceso
no gesto vivo de amor
em riste
existem sim
a qualquer hora com
o sol no olhar
brinca de futuro na ponta dos
dedos escava a seiva das entranhas
estranhos abismos de carinho e luz
é uma mulher de ímpeto
pequena
parece uma montanha no
início
suor ativo a construir o grão
imensa
que nem o átomo de uma
galáxia
fibra e vibra em meio a tudo
com seu passo presente
avança calma espiral do ventre
incansável em devolver a vida
para a sua dança infinita
não tive ainda a sorte de
te encontrar pelos caminhos
do meu desassossego
eu
inquieto filho de tua lavra original
de tuas coxas em oração
do teu rio vertendo um dia
intenso
febril
inteiro como o instante que
passa
ou um pássaro
súbito
eu só tenho para te dizer
da minha grande dor e solidão
trançadas com teu fogo e veias
e agora
como te sei por demais ocupada
a refazer o mundo
numa dessas esquinas perdidas
agora
te observo
em tua tarefa de te mesma
presente
em tua sincera e pura lealdade
para com todas as coisas existentes
em qualquer lugar és mutante e plena
do que te falta e do que te apegas
agora
por exemplo
envolves minha palavra de tua
ausência
e só então posso reconhecer teu
destino
sei que existes
a pele como pétala
a forma feminina intacta
conduz o gesto
o cheiro de manhã nos poros
o calor de perigo nos braços
o sabor de salvação na saliva
sei que existes de qualquer cor
nos cabelos macios onde me refugio
fragilizado em meu sonho cansaço e medo
e só tuas mãos de terra
teu colo de mar
podem atenuar minha insatisfação
rigorosa
mas ainda que te sinta pulsando
por dentro ao varar as madrugadas de
abandono
ainda assim
ainda não pude merecer te encontrar para
te reconhecer como destino
só sei que és tu
quem oferece a vida
num prato necessário de sentimento
quem alimenta as madrugadas de
inanição
quem articula a primeira sílaba do
universo
quem nutre com seu próprio sangue o
apetite da
existência
quem
por todo o sempre dá à luz
à sua imagem e semelhança
a um menino assim como eu
indefeso e frágil como um deus-menino
nascido para te amar e para te entristecer
do que se fizer de melhor a todo instante
para ti
mulher
e
de(u)s(at)ino
Geraldo Maia
RED DE INTELECTUALES, DEDICADOS A LA LITERATURA Y EL ARTE. DESDE VENEZUELA, FUENTE DE INTELECTUALES, ARTISTAS Y POETAS, PARA EL MUNDO
Ando revisando cada texto para corroborar las evaluaciones y observaciones del jurado, antes de colocar los diplomas.
Gracias por estar aquí compartiendo tu interesante obra.
http://organizacionmundialdeescritores.ning.com/
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